Não é preconceito. Nem uma visão estreita do homem. Porém, te convido a pensar comigo: por que é tão difícil lidar com certos profissionais? Talvez eu esteja cansado demais, irritado e até transpareça uma certa intolerância. Entretanto, não consigo entender como algumas pessoas parecem incapazes de fazer o simples, aquilo que foi combinado.
Estou reformando meu apartamento. Reforma é expressão, modo de dizer. São coisas pequenas. Algumas arrumações nos banheiros, a pintura e acertos na parte elétrica. Como me falta tempo para participar do dia a dia dessas obras, preciso contar com a disposição dos profissionais em fazer a coisa certa. Contudo, há 40 dias vivo a incerteza do resultado final. São tantos desencontros que mais parece que nunca vai acabar.
Hoje, ao chegar ao local, fui revisar o serviço dos eletricistas. Passei pela sala, tudo pronto. Vou aos quartos, ok. Quando cheguei aos banheiros, fiquei impressionado com a capacidade que possuem em simplesmente ignorar o obvio. Está lá, no armário do espelho, o local para instalação de um ponto de luz - aquele básico que nós homens mais necessitamos, principalmente no momento de fazer a barba. Talvez tenha sido a primeira coisa que mostrei ao responsável no momento da contratação. Contudo, ficou sem fazer. No outro banheiro, situação semelhante. Mas lá o problema é mais complexo. O pedreiro esqueceu de passar um fio ou coisa parecida e, segundo o eletricista, não há o que fazer. O buraco ficou na parede para instalação da luminária, mas ele não me deu uma solução. Ah... e nem colocou um espelho (aquelas tampinhas) para fechar a caixinha por onde chegam os fios. Ou seja, terei que chamá-lo novamente para fazer o que foi "esquecido".
Outro drama... Drama, porque conseguem tornar problema algo que poderia ser simples demais. Também no banheiro, mas na janela, falta um vidro. Deve ter caído, quebrado, sei lá o quê. Enfim, mas falta o vidro. Minha esposa ligou para a vidraçaria, combinou o serviço. Perfeito. Vidro mais colocação, R$ 30. Dias depois, passei na empresa, paguei e fui embora. Em casa, depois de dois ou três dias, dona Rute questiona:
- Ficou certinho o vidro do banheiro?
- Deve ter ficado. Pelo menos, pago já está; respondi.
Naquele dia, depois de sair da faculdade, passei no apartamento e quem diz que achei o vidro? Colocaram um vidro virtual. Só pode. Papo vai, papo vem com a atendente da vidraçaria, descobrimos o que aconteceu. O vidro foi colocado, mas, com o vento, caiu e se espatifou. Do alto do terceiro andar, não notamos. Agora a pergunta: como o pessoal coloca um vidro e um simples vento o arranca da janela? Ah... e não foi nesse temporal. O fato aconteceu nesses dias secos, de tempo firme. Quando analisamos a janela foi fácil concluir o que houve. A janela é antiga, no local onde foi colocado o vidro tem massa, está sujo. Só caiu porque não limparam o local, nem removeram a massa antiga e fixaram com silicone sem ao menos usarem uma fita para prender o vidro até o produto secar.
São dois exemplos. Apenas dois de uma série de outras situações que vivenciei ao longo dos últimos 40 dias.
O que me intriga é essa incapacidade de fazer o certo. Essas pessoas acabando fazendo o mesmo serviço duas ou três vezes, emperram a entrega de uma obra, geram uma tensão constante entre eles e o contratante por não verem aquilo que está diante de seus olhos.
Tenho um amigo, engenheiro, que costuma dizer que certas pessoas nasceram sem cérebro, por isso carregam o "piano". Não concordo com ele. Penso que todos possuem as mesmas habilidades. A diferença é que alguns possuem disposição para irem além do uso da força, das habilidades manuais. Todos podem pensar. Basta querer. E exercitar.